6 de março de 2010

Inovação tecnológica resgata tradição do doce caipira

Pamonha! Pamonha! Pamonha! É o puro creme do milho”.

O slogan de uma das mais tradicionais guloseimas paulistas ainda está na lembrança de muitos dos que ouviam os vendedores perambulando pelas ruas e oferecendo o produto. Mas o doce caipira, que fez a fama da cidade de Piracicaba, está prestes a ser resgatado. Isso porque a pamonha local ganhará, ainda este ano, uma fábrica, que agrega inovação tecnológica e controle de qualidade.

Iniciado em 2003, o programa tem como objetivo gerar trabalho e renda a agricultores familiares das redondezas (com a ampliação do cultivo de milho para atender a demanda da agroindústria), além de valorizar a história e cultura do município. A fábrica de pamonhas é fruto do Programa de Verticalização da Agricultura Familiar na Cadeia Produtiva do Milho Verde, um projeto que reúne o Sebrae - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo, a Esalq - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, o Centro Rural de Tanquinho (um distrito de Piracicaba), a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Piracicaba e a Fapesp - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, que financia o projeto.

A unidade de produção do doce de milho já está com a infra-estrutura pronta, em um galpão que ocupa uma área de 500 metros quadrados em Tanquinho, onde será instalado o maquinário da linha de produção. Os equipamentos estão em fase de montagem e começam a funcionar a partir de abril com os testes de produção da pamonha. O início da operação está previsto para o segundo semestre de 2009 e a capacidade inicial será de 6 mil pamonhas por dia.


Houve a necessidade de se desenvolver um maquinário especial para a fábrica, já que não existe nada similar no mercado. 'Já estamos pensando em patenteá-lo', afirma José Albertino Bendassolli, presidente do Centro Rural de Tanquinho. A linha de produção conta com um despolpador, que fará a retirada do milho das espigas e a moagem dos grãos, transformando-os em um creme. A máquina seguinte é o formulador, responsável pela mistura do milho moído, água e açúcar, que são os ingredientes da pamonha. O terceiro equipamento é o envasador, desenvolvido com um sistema de válvulas que determinarão a quantidade do creme com um volume padrão para cada palha que envolve a pamonha. A linha de produção é finalizada com máquinas automatizadas para a costura de fechamento da palha. Em seguida, o produto será disposto em gaiolas com um sistema de guincho para que sejam mergulhadas nos tachos para o cozimento. Há ainda um sistema para a higienização da palha, lavada em tanques com uma solução específica. Todo o processo leva em torno de três horas.

O projeto é mais uma alternativa para os pequenos produtores rurais, que poderão diversificar a cultura. Hoje, dos 100 mil hectares plantados na região, 50% correspondem à cana e pastagem e apenas 1% é destinado à cultura do milho. O incentivo ao grão também é dado pela Festa do Milho, que está em sua 35ª edição. Este ano, o evento será nos dias 7, 8, 14, 15, 21 e 22 de março, com a expectativa de receber mais de 100 mil pessoas. São 12 horas de trabalho, em seis dias, para preparar 20 mil unidades de pamonha que serão consumidas pelo público, além de outros quitutes à base de milho como curau, cuscuz e bolo.

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